O primeiro texto do meu blogue tem de ser especial. Ainda que, por ser o primeiro, seja já especial. Ainda que, por ser, já é. Gostava de dizer algo ao mundo, à humanidade, que fizesse abanar as pessoas a tal ponto que abandonassem medos, pré-conceitos, ideias erróneas, materialismos, fome, ambição desmesurada, guerra, discórdia. Gostava de dar um contributo tal que nos levasse de imediato ao paraíso, com a abertura de consciência para a nossa essência de luz, de amor, de harmonia. Gostava de escrever um texto que nos deixasse a todos alegres, bem-dispostos, de bem connosco e com a vida. Enfim. Sou idealista, acredito nos impossíveis, tenho uma fé imensa no invisível e no inaudível. Sinto em cada célula do meu corpo as vibrações da humanidade, da Mãe Gaia, as minhas. São gritos. Gritos de socorro, gritos de dor, de desilusão. São frustações, humilhações, dores acutilantes. De tal modo acutilantes que parece que vamos morrer. Porque se pode morrer de dor. Porque o sofrimento mata, corrói. Umas vezes, lentamente, outras vezes de repente.
Uma ferida cuida-se, trata-se. As feridas exigem cuidado, exigem tratamento. As feridas do corpo, as feridas do coração, as feridas da alma... todas se cuidam, todas se tratam, todas se curam. Às vezes, demasiadas vezes, até parece que não, pois é?
Nós somos pássaros de asas partidas. Muitos de nós cegos para as próprias asas. Somos como águias presas num galinheiro, que acreditam ser galinhas e desconhecem seu real potencial. Somos cegos e surdos para nós próprios. Portanto, chego à conclusão óbvia de que não posso escrever um texto que faça cegos verem e surdos ouvirem.
Mas, como em tudo nesta vida, posso partilhar. Partilhar convosco como tenho lidado com os meus gritos, dores, angústias. A partilha tem destas coisas giras: quanto mais se dá, mais se recebe. E, se eu tanto tenho vindo a aprender com as experiências, vivências, reflexões, dos outros, espero poder aqui juntar-me a essas vozes que ecoam por aí. Que gritam, mas que gritam palavras de fé, esperança, sonhos, sucessos, luz, amor, amizade, fraternidade.
Pois é, o texto não é mais especial que nenhum, o texto é. E eu sou mais uma voz, entre tantas. Mas sou mais uma entre tantas que acreditam num mundo melhor, em pessoas melhores. Que acreditam que podem ser melhores hoje do que o que foram ontem.